Literacias digitais de adolescentes portugueses | eBook

Fevereiro de 2024

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Sumário Executivo
Este relatório apresenta os resultados do estudo longitudinal de três anos (de 2021 a 2023) com adolescentes portugueses e que fez parte do projeto europeu ySKILLS. Este projeto investigou como evoluem as literacias digitais de adolescentes – enquanto conjunto de conhecimentos e competências – e que influências podem ter nos seus níveis de bem-estar.

A primeira parte apresenta o projeto, o seu quadro conceptual e a operacionalização do estudo longitudinal. Enunciam-se os passos que marcaram a definição de literacias digitais. Estas compreendem, além do domínio tecnológico e operativo, outros três domínios: navegação e processamento de informação; comunicação e interação; criação e produção de conteúdo. Nestes três domínios, a indicadores sobre competências autodeclaradas (o que consideram que sabem fazer) juntaram-se indicadores sobre o seu conhecimento digital.

A segunda parte caracteriza os 598 adolescentes que, em Portugal, responderam ao questionário. Destaca-se uma estabilidade na perceção positiva da sua saúde e bem-estar, individual e social, ainda que as raparigas apresentem maior vulnerabilidade. Diferenças de género esbatem-se na plena hegemonia do telemóvel e na escassa variação quanto ao tempo de ecrã. Coincidem quase todas as atividades diárias mais frequentes, mas a percentagem de raparigas que procura informação sobre saúde mental duplica a dos rapazes.

Situações de risco foram perguntadas apenas a participantes mais velhos. Mais de dois terços dos adolescentes inquiridos a partir do 10º ano assinalam ter-se confrontado com situações que os incomodaram, com a liderança de conteúdos de ódio e de conteúdos prejudiciais à sua saúde. A reação a conteúdos sexuais e a sexting depende da intencionalidade ou não com que encontram essas situações. A agressão online é pouco referida, mas evidencia-se a exposição à desinformação.

A terceira parte incide sobre literacias digitais dos adolescentes portugueses, comparando-a com as de outros países do estudo longitudinal (Alemanha, Estónia, Finlândia, Itália e Polónia).

Globalmente, os adolescentes dos seis países apresentaram valores mais elevados em conhecimento digital do que em competências digitais. No conhecimento, é clara a vantagem dos mais velhos, nas competências evidenciam-se os rapazes. Destacam-se níveis elevados de literacia digital em comunicação e interação, que lidera, enquanto navegação e processamento de informação se apresenta sempre na quarta e última posição.

A maioria dos adolescentes portugueses considera dominar competências de comunicação e interação, mas ser capaz de reconhecer quando alguém está a ser alvo de bullying foi menos assinalado. Saber identificar e usar conteúdos com direitos de autor ou saber usar funções avançadas de pesquisa foram outras competências menos assinaladas. A análise a itens de conhecimento complexifica o panorama, pois os adolescentes mostram conhecer melhor a dinâmica dos algoritmos para visibilidade de posts e publicidade direcionada do que questões
relativas à interação online, como o impacto que podem ter as suas ações digitais noutras pessoas.

O estudo apresenta contributos atuais sobre a temática premente das literacias de “nativos digitais”. As tendências de literacia por parte de adolescentes de seis países em anos marcados por uma pandemia levantam conclusões e pistas para reflexão e intervenção adequadas.

Referência: Ponte, C., Batista, S., Marôpo, L., Castro, T., Kubrusly, A., Garcia, M. & Matos, T. (2024). Literacias digitais de adolescentes portugueses. Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade NOVA de Lisboa.

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