ENTREVISTA: RAJIV DUTTA PRESIDENTE DO PAYPAL
A empresa de pagamentos pela Internet propriedade do eBay já está presente em 190 países
Desde que entrou para o eBay, o portal de compras pela Internet, em 1998, Rajiv Dutta desempenhou vários cargos no grupo, incluindo o de presidente do serviço de voz Skype. Nova Iorquino de origem india, Dutta preside agora à empresa de pagamentos PayPal, adquirida pelo grupo em 2002. Desde então, a PayPal cresceu e agora está disponível em portais de empresas como o Harrod’s, Lladró ou Correos. Presente em 190 países e disponível em mais de 70 divisas, a empresa regista 100.000 novas contas por dia e 16.000 semanais em Espanha.
Pergunta. Como cresceu o mercado de compra online desde que se criou o PayPal?
Resposta. O PayPal tem uns sete anos e eBay adquiriu-o faz cinco, em Outubro de 2002. Desde então, o comércio online converteu-se num negócio bastante grande: o negócio global movimenta uns 500.000 milhões de dólares. Mas o certo é que sempre suspeitei um pouco destes números.
P. Porquê?
R. Há muitos pagamentos que não se incluem. Por exemplo, cada vez se utiliza mais a Internet para pagar serviços governamentais e para compras em portais de anúncios classificados. Curiosamente, estas cifras tão pouco incluem as do eBay. Mas em linhas gerais, o comércio online cresceu de modo significativo, continua aumentando em torno dos 20% anuais e o crescimento é maior aqui na Europa que nos Estados Unidos.
P. Porquê é maior na Europa?
R. Há dois motivos. Um é que partimos de uma base mais pequena. Outro é que em muitos países o comércio online acrescenta muito valor para o consumidor, porque as lojas têm um horário muito limitado. Portanto, o crescimento varia um pouco por países mas eventualmente, na maioria dos países, o comércio online suportará uma grande parte da economia.
P. Quando?
R. Dentro de algum tempo. Agora, o ritmo de crescimento estabiliza, em alguns casos mais rapidamente do que se poderia esperar. Isso deve-se a que os consumidores cada vez se preocupam mais com a segurança da sua informação na Internet. Portanto, o mercado movimenta enormes quantias, mas há algumas coisas que se poderiam fazer para que crescesse mais depressa.
P. Como quê?
R. Fica-me mal dizê-lo, mas creio que o PayPal é parte da solução. Quando um consumidor abre una conta connosco, introduz os seus dados e a informação financeira do instrumento financeiro que queira usar. Para pagar algo num portal que aceita PayPal, só tem que registar-se na sua conta PayPal. Não tem que revelar o seu número de cartão nem teclar os seus dados uma e outra vez. Existe una crescente ansiedade pela segurança de que beneficiamos.
P. Ia-lhe perguntar sobre o acordo de segurança que acaba de estabelecer com o correio do Yahoo…
R. Isso é algo um pouco diferente. No princípio do ano passado descobrimos que muitos delinquentes mandavam mensagens electrónicas em nosso nome pedindo informação, é o que se chama phishing. Actuámos e conseguimos reduzi-lo consideravelmente. Ao mesmo tempo, fizemos um acordo com o Yahoo que assina digitalmente o nosso correio. Assim, se alguém pretende fazer-se passar pelo PayPal através do correio do Yahoo, o Yahoo filtra-o.
P. E para além do acordo com o Yahoo?
R. Também temos estado a trabalhar com a Microsoft para o novo explorador (browser) da Internet. Fazemos muitas coisas, mas com o Yahoo é o primeiro acordo de correio electrónico que temos feito e faremos muito mais.
P. PayPal acaba de incluir as transferências bancárias entre as suas opções de pagamento. Que acrescenta de novo?
R. É algo que acaba de lançar-se en Espanha porque a equipo local detectou que os consumidores espanhóis estão acostumados a pagar com transferências bancárias. Em cada país, tentamos identificar que tipo de pagamento se utiliza mais. Por exemplo, nos Estados Unidos, o método de pagamento por excelência é o cartão de crédito, e em Itália é muito comum utilizar os cartões de pré-pago.
P. Quais são os seus principais mercados?
R. O nosso mercado mais amplo é o dos Estados Unidos. O segundo é o Reino Unido e o terceiro é a França. No total, o PayPal tem 164 milhões de contas. À volta de 40 milhões delas são europeias e é a região do nosso mercado que cresce com mais rapidez.
P. E os prioritários para crescer?
R. Queremos continuar a crescer nos Estados Unidos, onde há muitas oportunidades, e é absolutamente crítico que impulsionemos a nossa presença na Europa. O Reino Unido, França, Itália e Espanha são os nossos mercados chave na Europa.
P. Quais são as prioridades da companhia?
R. A prioridade número um para 2008 é expandir a disponibilidade do PayPal no maior número de portais possível. O segundo objectivo é que temos que continuar a trabalhar muito para melhorar a experiência do consumidor de PayPal, aumentando a sua facilidade de uso e acrescentando modos de pagamento, como as transferências bancárias.
P. E quanto a expandir a disponibilidade, há sectores que têm mais interesse?
R. Decidimos estar presentes através de varias indústrias. Temos que assegurar-nos, por exemplo, que não estamos só nos bens electrónicos, mas também nas companhias aéreas. O nosso objectivo é que nos sectores chave de consumo que existem em cada país estejamos presentes nas duas ou três empresas mais importantes.
P. É difícil convencer as empresas?
R. Ao princípio foi porque ninguém conhecia o PayPal. Agora é muito mais fácil porque temos uma base de consumidores muito grande. No Reino Unido, um de cada dois compradores online tem uma conta PayPal. Em França e em Espanha é um de cada três. É um número enorme e constitui um argumento muito forte. Para além disso, podemos provar às companhias que quando integram o PayPal os seus volumes de venda crescem.
P. Como?
R. Os utilizadores do PayPal são os compradores mais activos na Internet. E quando chega o PayPal, ao transmitir mais tranquilidade com a segurança, provoca maior tendência para comprar. Dependendo da companhia, podemos demonstrar que entre os 40% e os 50% dos utilizadores comprarão coisas que de outro modo não comprariam.
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